REFLEXÕES E RECOMENDAÇÕES PARA LEVAR NA JORNADA E NA MOCHILA
Depois de toda essa jornada, entendemos que o chamado para ação é coletivo! Para que mais lideranças jovens ocupem o poder institucional e eleitoral e promovam a inovação política deixamos algumas reflexões e recomendações para organizações, partidos, movimentos de apoio eleitoral e jovens que querem começar a trilhar este caminho #ficadica
Juventudes: plurais e políticas
O Estatuto da Juventude é um marco importante e um instrumento que precisa circular de forma mais prática e lúdica nos territórios, escolas, partidos e demais espaços de formação e educação política para que toda a sociedade, e principalmente jovens, possam reconhecer os direitos das juventudes e a potência democrática que existe no empoderamento cidadão para além das eleições.
Partidos: abram os caminhos!
Sabemos o quanto os partidos políticos estão intimamente ligados com a democracia. Mas com suas lógicas verticalizadas e muitas vezes “ultrapassadas”, são poucos jovens que se sentem interessados. Quando estão dentro dos partidos, muitas vezes não são convidados/as para sentarem à mesa. Os #JovensNoPoder reconhecem a importância de democratizar esse espaço com novas maneiras de operar. Por isso, partidos, reconheçam o protagonismo dos jovens que estão com vocês e escutem as propostas que têm a oferecer: outras lógicas de poder, mais colaborativas, novas linguagens e dinâmicas de participação, diálogo ativo, equilíbrio entre gerações para a construção de acordos mais colaborativos e plurais, apoio na saúde mental, transparência e redistribuição de recursos. Para uma nova forma de fazer política é preciso que vocês abram os caminhos!
Iniciativas de apoio eleitoral precisam ampliar sua atuação
Iniciativas suprapartidárias e de formação política são super bem vistas pelos jovens pois dialogam com com necessidades e oportunidades das juventudes na política, oferecendo também capacitação e redes de apoio emocional e ferramental. Porém, muitas ainda não conseguem chegar em grupos marginalizados politicamente, principalmente em indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Além disso, há um leque de necessidades desses grupos que ainda precisa ser melhor construído para que possam competir com mais equidade: acesso à internet, estratégias de comunicação para redes sociais, conexão com outros grupos para maior visibilidade na imprensa, articulação de rede de voluntários e voluntárias que possam botar mais a mão na massa em campanhas, principalmente aquelas não possuem acesso à recursos financeiros. Alguns jovens já perceberam esse vazio e estão construindo movimentos locais de lideranças jovens. Colem neles e vejam como podem apoiar nessa empreitada. Com o apoio de vocês, há possibilidades reais de que mais jovens possam ocupar a política institucional e eleitoral.
Cuidar da saúde mental é uma inovação política
Foi muito interessante perceber que os #JovensNoPoder estão com um olhar sensível e propositivo para o cuidado da saúde mental na construção política. Cientes e atravessados por violências físicas e simbólicas e desafios dos mais variados, entendem que a vida pública não está separada da vida privada. Cuidar da saúde mental de pessoas na política, principalmente jovens, que estão desenvolvendo a musculatura emocional, é uma forma de ampliar a discussão e ações de cuidado na sociedade como um todo.
Conexão com coletivos locais, culturais e movimentos sociais é fundamental para uma atuação política coerente com as causas sociais.
Temos que enegrecer, descolonizar e protagonizar mudanças, com a justiça climática como base. Esse é o recado que movimentos sociais e coletivos ativistas estão passando há décadas e as/os jovens inovadores na política estão com os ouvidos bem abertos, prontos para serem representantes dessas demandas. As/Os jovens entendem o protagonismo político dos coletivos e movimentos sociais, negligenciados nos espaços de poder, por isso a tendência é de que as juventudes da política institucional façam a articulação com esses movimentos e trabalhem em conjunto, levando suas lutas para a esfera de atuação pública.
Criação de espaços seguros e saudáveis para o debate político, dentro e fora das redes
Para falar e debater sobre política, seus impactos e nuances, principalmente na internet e nas redes sociais, são necessários ambientes seguros e saudáveis. Como mostrou a pesquisa da Avaaz em conjunto com Fundação Tide Setúbal e Rede Conhecimento Social, jovens querem falar de política, mas estão exaustos da intolerância que reina nas redes. Propagar uma cultura sadia na internet, criar e promover meios de debate empático, propositivo e respeitoso é vital para convidar mais jovens à participação social e política. Fora das redes, um bom e ótimo exemplo é o papel dos grêmios estudantis na vida de jovens estudantes, principalmente do ensino público. Com o pós-pandemia, há um desafio de reativar e fortalecer esses espaços para fomentar o protagonismo desses atores e atrizes.
Educação política é uma das bases para uma cultura que vá além do voto
Com as eleições brasileiras de 2022 chegando e seus desafios (extrema polarização, crise social e econômica, fake news, entre outros), há uma necessidade de fortalecer a participação política que ultrapasse o voto, com atividades e ações que aproximem cidadãs e cidadãos do exercício político, que estejam mais integradas ao cotidiano das pessoas, mostrando que a democracia é moldada pela ações de cada uma/um. Fomentar a educação política de forma descomplicada e acessível são ferramentas que jovens inovadoras/es da política têm usado para empoderar pessoas, grupos e comunidades para uma cidadania ativa, consciente, colaborativa e corresponsável.
O futuro da política depende: do combate à desinformação, do enfrentamento da emergência climática com justiça racial e acesso à internet como direito
Tecnologias abertas e softwares livres para fins eleitorais mais transparentes
Seja nas redes sociais, divulgando o dia-a-dia do legislativo e executivo, seja pelo uso de ferramentas de gestão de campanhas e mandatos ou aplicativos de monitoramento e participação, não há como fugir do avanço das novas tecnologias. É preciso que esse avanço acompanhe debates e construções que sejam éticas, transparentes, não propagadoras de desinformação e spams, com uso responsável dos dados coletados e, principalmente, de maneira que potencialize a democracia, o engajamento e a cidadania ativa. As juventudes na política podem fazer grandes contribuições nesse sentido, ajudando a pensar e criar políticas atualizadas com o nosso tempo, construindo ferramentas e processos, implementando uma cultura digital democrática dentro e fora das instituições políticas.
Jovem, Existem outras maneiras de exercer a cidadania e a inovação política
Se você que está lendo essa pesquisa acha que a política institucional e eleitoral não é para você, tudo bem! Há outras formas de exercer a cidadania. O primeiro passo para uma cidadania ativa é o voto – já coloque na agenda do ano que vem a emissão de seu título eleitoral, ok? Segundo um dos muitos artigos do Politize!, nosso parceiro nesta pesquisa, há, pelos menos, outras 28 formas de ocupar a política, como: conselhos temáticos, audiências públicas, acompanhamento das sessões legislativas, monitoramento das ações legislativas pelos portais de transparência, participação em conferências (nacionais e internacionais, quando possível), etc. A gente sabe que algumas ações dessa lista são pouco divulgadas e outras pouco atraentes, mas é participando que temos a oportunidade de entender o funcionamento da política e de propor novas maneiras de praticá-la.
Visibilizar para viabilizar novas lideranças inovadoras na política
Ao dar visibilidade a uma rede de jovens inovadores na política, auxiliamos a troca de experiências e as práticas para o desenvolvimento de novas lideranças. Em um momento de crise de representatividade, que afeta diretamente o presente e o futuro da democracia no Brasil, auxiliar jovens em sua jornada de participação política e social, divulgando suas candidaturas e planos de ação, é um caminho para viabilizar a contribuição transformação das juventudes para a (re)construção da sociedade do agora e do amanhã.