A URGÊNCIA DO PRESENTE: SE É POSSÍVEL IMAGINAR, É POSSÍVEL FAZER
PARA REDESENHAR O FUTURO DA POLÍTICA DO AGORA É PRECISO OCUPÁ-LA COM DIVERSIDADE DE CORPOS, PRÁTICAS, SABERES, QUALIDADE DEMOCRÁTICA PARA A INCLUSÃO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS GLOBAIS.
Mas fique esperto porque sonho é planejamento, investimento, meta Tem que ter pensamento, estratégia, tática Eu digo que sou sonhador, mas sonhador na prática
Emicida, Ubuntu Fristaili
Ser inovador/a na política é ir além do óbvio e também fazer o que precisa ser feito a partir da coletividade e do uso de estratégias transversais que melhoram a condição de vida das cidadãs e cidadãos.
Ao participarem da política, jovens inovadores vinculam saberes sociais com as novas tecnologias; questionam, com teimosia criativa e pragmática, as formas arcaicas de poder; trazem valores éticos em suas novas formas de fazer a política: mais conectada, não só pelas redes sociais, mas também por criação e desenvolvimento de práticas de participação social, de novas narrativas que descomplicam a política, dando transparência aos processos de tomada de decisão. Tudo isso, junto e misturado, faz com que a população sinta-se mais próxima do fazer político, promovendo uma alteração na cultura política que impacta principalmente as novas gerações.
Neste capítulo vamos apresentar, a partir de histórias reais, as estratégias que jovens inovadores na política institucional e eleitoral estão exercendo em seus mandatos e campanhas. São experiências de imaginação política na prática para você ver que é possível fazer política de outras formas.
Se é possível imaginar uma política sendo feita de maneiras que não são as tradicionais é possível fazer também. E acho que inovação política é isso.
Wesley da Dialogue, 23 anos,
vereador eleito em Araçatuba (SP).
Os últimos anos são marcados por mudanças que alteraram a forma como jovens têm visto e participado da política:
comportamentais
A urgência do presente traz a necessidade de fortalecer novas lideranças políticas que possam garantir a transformação da democracia em nosso país a partir de uma visão de desenvolvimento sustentável e de bem viver;
tecnológicas
A internet e as novas tecnologias de comunicação e informação chegaram com tudo, dando espaço à vozes marginalizadas principalmente no campo político, que antes não tinham tanto espaço na mídia tradicional. Grupos como indígenas, quilombolas, pessoas trans e periféricas usam dessas ferramentas para amplificar suas vozes e causas, alterando a agenda pública
novas demandas, novas reivindicações
Emergência climática; identidades; sexualidade; combate ao racismo, machismo, transfobia, saúde mental, entre outras, estão sendo trazidas pelas juventudes como pautas vitais para a saúde da democracia atual e futura.
Para sermos grandes e promover essa mudança no mundo, temos primeiro que mudar o básico que é nossa realidade, a nossa cidade, a nossa casa, o lugar que convivemos.
Danilo Santana, 24 anos,
vereador eleito em Santa Terezinha (BA)
Nesta grande conversa que é a democracia, os jovens usam a educação política para redesenhar presentes e futuros coletivos – amplificando informação e conhecimento sobre os processos, práticas e fundamentos democráticos – pois, quando mais pessoas reconhecem, na política, uma ferramenta de transformação social, maiores e mais criativas serão as possibilidades de resolver problemas sistêmicos, como é o caso das desigualdades sociais, que não podem ser vistas apenas por uma perspectiva. É como um quebra-cabeça, sabe? Se você coloca uma peça errada, as outras também não se encaixam. Quando as diferentes vivências entram na política institucional, temos a possibilidade de criar mecanismos que vão ao encontro desses desafios. Como o Samuel Emílio falou, existem muitas ideias boas para mudar as realidades. Entretanto, é preciso mais que isso:
Não precisamos de um grande esforço científico para ter novas ideias, as ideias estão aí. Agora, inovar nas práticas, fazer as coisas mais colaborativas, mais participativas, com o poder de decisão distribuído, com uma governança com mais diversidade, isso a nossa geração tem potencial de inovar e trazer isso. Fazer algo baseado em novos valores de interdependência, de transparência radical, é algo que temos potencial de inovar também.
Samuel Emílio, 26 anos,
candidato a vereador, São Paulo (SP).
Além de renovar a política, trazendo referências positivas e oxigênio para enfrentar as crises democráticas, jovens inovadores hackeiam as estruturas. Isso quer dizer que insistem em maneiras inovadoras de questionar o sistema, propondo fazeres que sejam mais próximos das realidades das cidadãs e dos cidadãos.
Importante levantar essa questão: a renovação, por si só, não gera inovação. Precisamos que as práticas e as formas de fazer política resolvam os problemas complexos e reais da nossa sociedade. Isso pode acontecer em diferentes momentos da sua jornada política: nos ativismos, na campanha, no mandato e nos outros rumos que podem ser tomados para (re)construir a política do presente e do futuro.
CAMPANHAS COMO PROCESSOS DE APRENDIZAGEM COLETIVA
MANDATOS: OPORTUNIDADE DE ABRIR AS PORTAS PARA ALTERAR A CULTURA POLÍTICA
NOVOS RUMOS, MARGEANDO A POLÍTICA INSTITUCIONAL
COMPARTILHAR O PODER DESCENTRALIZAR A GOVERNANÇA
Não é sobre uma egotrip do poder e ações que visam o protagonismo individual, é sobre deixar um legado para muitos e muitas de que é possível fazer política com mais participação social.
Ao compartilhar o poder político criam oportunidades para que mais pessoas sentem à mesa, participem do processo de tomada de decisão, garantindo mais autonomia e protagonismo. Quando isso acontece, transforma as relações e desburocratiza práticas hierarquizadas que atrapalham os reais interesses da população.
Mandatos compartilhados e coletivos; adoção de conselhos políticos; conexão com movimentos sociais; voluntariado nas campanhas e mandatos, tudo isso são práticas que desafiam a velha política abrindo espaço para que novas vozes possam ser escutadas no processo democrático.
Inovação política é a possibilidade de nós termos mandatos parlamentares e formas de representação política que sejam de fato coletivas, que rompam com uma lógica personalista ou voltada à política como uma atividade de lideranças, que têm projetos individuais ou meramente corporativos. Inovação política é uma possibilidade da gente ter atuação e representações vinculadas às lutas coletivas, aos movimentos sociais, a segmentos marginalizados que não tem o seu histórico vinculado com o ambiente político institucional.
Matheus Gomes, 29 anos,
vereador eleito em Porto Alegre (RS).
A gente tenta sempre quebrar um pouco a própria estrutura do mandato. O fato de eu ser jovem e o fato de a gente tentar chegar com uma proposta diferente, um jeito diferente de chegar nas pessoas, tenta quebrar um pouco isso.
Paulo Juventude, 19 anos,
vereador eleito em São Roque (SP).
Na câmara de vereadores de Porto Alegre, Matheus Gomes e sua equipe fazem parte de um processo histórico: é a primeira vez que a cidade tem uma bancada negra, com cinco pessoas eleitas. Isso por si só já é uma grande transformação. Mas, eles e elas estão fazendo mais!
No período de campanha, se organizaram para construir campanha-movimento, com frentes de trabalho descentralizadas mobilizadas além do propósito da eleição em si, mas também como expressão dos diferentes movimentos e espaços de articulação política que fizeram e fazem parte da sua trajetória ativista.
“Para a construção da campanha em si, eu tentei, desde o início, pensar como eu poderia articular uma campanha que tivesse caráter coletivo, que fosse uma expressão de diferentes movimentos sociais, porque isso não só é a minha trajetória, eu já circulei por diferentes ambientes da luta social em Porto Alegre, mas também porque eu creio que é uma forma de representação necessária que oxigenaria o processo político.”
Para a consolidação dessas realizações, bebem de referências positivas, dialogando com outros movimentos, mandatos, campanhas e redes de apoio. Essa troca de práticas inovadoras é essencial para a construção de relações políticas e articulação de pautas que extrapolam a atuação local, com incidência nacional:
O “Ocupa Política” foi bem importante em termos de referência, fui construindo várias relações a partir dali. A turma de Belo Horizonte, da Gabinetona e das “Muitas”, os movimentos com as quais eu me articulo foram minhas referências de debate, são muitas pessoas envolvidas ali dentro a nível Nacional e local também. Fiz muitos debates com a turma do “Afronte” que é um movimento de jovens mais ligado ao movimento estudantil. As referências dentro da Coalizão Negra por Direitos...De fato, a construção da campanha foi a expressão de uma circulação por vários ambientes, e eu tentando articular e sintetizar isso através da nossa campanha.
Matheus Gomes, 29 anos,
vereador eleito em Porto Alegre (RS)
Já no mandato, essa estratégia toma outras formas e vai dando espaço a construção de um conselho político com mais de vinte movimentos da cidade de Porto Alegre como uma ferramenta que busca manter o diálogo constante com outros movimentos sociais, além de democratizar o acesso a instrumentos da política institucional a esses grupos. Com isso, o mandato se transforma em um espaço aberto, descentralizado e popular.
A experiência de Matheus Gomes é um exemplo pois aposta na construção coletiva dos projetos políticos, possibilitando a capilarização e a desburocratização do trabalho legislativo para incluir ativamente a população e os movimentos sociais de base – que, antes, enfrentavam obstáculos para estarem presentes no poder municipal.
Montamos a campanha nesse formato, uma “campanha movimento”, eram sete frentes de trabalho que organizaram oito coletivas de maneira formal e várias representações de outros coletivos também. Nós estamos organizando um conselho político que vai dirigir o mandato, com representação de mais de vinte movimentos daqui da cidade de Porto Alegre. A ideia era fazer isso, uma síntese. Acho que eu só consegui cumprir esse papel por isso. Ao longo da minha trajetória, eu sempre fui uma pessoa à frente de articulações mais amplas.
Matheus Gomes, 29 anos,
vereador eleito em Porto Alegre (RS)
Diversidade e pluralidade como metodologia de mudança
Sabe aquela coisa óbvia que precisa sempre ser dita. Pois bem, chegamos nesse ponto. Por mais que a palavra diversidade esteja em tudo quanto é lugar por aí, ela ainda precisa ser implementada em sua totalidade, propósito e função. A participação plural na construção e monitoramento das políticas públicas é pressuposto de democracia e as juventudes na política estão bem ligadas nisso. Ao ocuparem os espaços do legislativo e executivo, trazem consigo todas as vivências e identidades para servir de base para a construção de políticas públicas mais inclusivas.
Quem tem ensinado muito disso pra gente são as pessoas negras, LGBTQIAP + e indígenas em cargos de liderança, principalmente quando ocupam um cargo executivo, como é o caso da Joyce Trindade, Secretária de Políticas e Promoção da Mulher.
Com 24 anos, ela já fez parte de grandes movimentos, projetos e iniciativas que dão a oportunidade de mostrar as potências das mulheres negras, possibilitando o direito à sonhar e construir o futuro a partir de bases antirracistas. Para ela, o diálogo e troca de experiências entre diferentes gerações também faz parte dessa metodologia de mudança:
Aquela palavrinha mágica da diversidade como metodologia de mudança. Isso, para mim , é o principal ponto de partida das coisas. Quando eu falo metodologia de mudança, é sobre a pauta da interseccionalidade, da diversidade, esse pilar fundante das coisas. Estamos muito longe disso em todas as áreas da política e das instituições. É muito bonito você ver um corpo jovem, negro, mulher ocupando esse lugar, mas o quanto estamos usando essa vivência desse corpo jovem, negro e mulher como metodologia de mudança, como metodologia de projeção de futuro? É pegar a vivência e transformar em metodologias. Como esse jovem de fato vive a cidade, quais desafios ele está encontrando e como transformamos isso em política pública?
Para colocar essa visão na prática e ampliar as potencialidades de mudança das juventudes, também é preciso romper paradigmas que estruturam a nossa sociedade, como está fazendo Marcone Ribeiro, secretário executivo de Juventude do Recife (PE), em sua gestão: construindo projetos e ações que veem as juventudes além das caixinhas da educação e do trabalho.
Não se pode limitar a juventude a essa perspectiva de trabalhar e estudar, porque, para o jovem de periferia, isso já é uma realidade natural, já [se] trabalha e estuda, muitas das vezes desde muito cedo. Então, é muito importante sensibilizar. Não só a sociedade, mas, sobretudo, a gestão. Porque parece que é clara essa percepção para todos, mas não é. Quando a gente pensa em política pública para jovens, vamos garantir emprego e renda, isso é muito importante, mas o que mais a gente pode garantir? E o que mais podemos potencializar para que esse jovem possa ter a sua juventude vivida e, daqui 15 anos, ser um multiplicador de tudo isso que ele viveu?
Marcone Ribeiro,
Secretário Executivo de Juventude do Recife (PE).
Reconhecer as diversidades e considerá-las um meio para a transformação social é algo fundamental para a efetivação dos serviços públicos. Com uma equipe diversa, a população se reconhece e as ideias se complementam – é uma relação de ganha-ganha e não mais de competição. Se os desafios sociais são grandes e complexos, é preciso agir em colaboração:
Mesmo tendo juventudes que pautam apenas macro temas, tenho certeza de que não vai mudar, vamos continuar cometendo os mesmos erros, porque não olhamos para o lado, para o projeto do coleguinha ou o erro do coleguinha e não conseguimos pensar em coisas maiores. Os problemas da sociedade são gigantes e complexos. Enquanto não entendermos que os problemas são muito complexos, impactar a educação brasileira, a temática do meio ambiente, o que seja, precisa trazer soluções grandes, robustas e complexas porque os desafios são enormes, e a desigualdade social não é uma caixinha, ela perpassa diversas instâncias do cidadão e do cotidiano daquela pessoa.
Joyce Trindade, 24 anos,
Secretária de Políticas e Promoção da Mulher na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Outra forma de colocar a diversidade no centro da mudança é a atuação em mandatos coletivos ou compartilhados. Nesse formato, a pessoa representante se compromete a dividir o poder com um grupo de pessoas que colabora com a construção das propostas do mandato. Essa atuação ainda não é reconhecida pela legislação eleitoral, mas já tem vários adeptos pelo país, como é o caso do Wesley da Dialogue, movimento de renovação política em Araçatuba, criado para ser um mecanismo de organização política e popular da juventude local.
Wesley, além de ser o representante do mandato (ou seja, é ele, de fato, o vereador), também conquistou, junto com outras pessoas, o posto de primeiro mandato coletivo no interior de São Paulo e é o vereador mais jovem da história de Araçatuba (SP). Sendo jovem, periférico, negro e gay, Wesley sabe muito bem a importância de diversidade e representatividade para reconstruir a política que queremos:
Às vésperas das eleições municipais, nós já tínhamos clareza e consciência de quais eram os problemas, da falta de representatividade de nós jovens, os problemas do dia a dia de cada um dos jovens daqui, e sabíamos, ou pelo menos tínhamos ideia ali de como mudar, como solucionar estes problemas. E aí foi que nós tivemos consciência de que esses problemas só são discutidos, só há a possibilidade de mudá-los se nós estivermos inseridos dentro dessa política institucional, da política partidária, da política mandatária.
Wesley da Dialogue, 23 anos,
vereador eleito em Araçatuba (SP)
Geração da “cyber democracia” TECNOLOGIAS E COMUNICAÇÃO COMO ALIADAS DA PRÁTICA DEMOCRÁTICA
A atuação dessa galera que tem chegado aos plenários políticos nos últimos anos é atravessada pelas novas tecnologias e plataformas. Com o uso democrático, buscam horizontalidade e comunicações transparentes, fazendo o uso das ferramentas digitais, canais abertos para a conversa direta com seu eleitorado de todas as idades, a fim de facilitá-la e quebrar barreiras. Desafiam, assim, o senso comum, que coloca a política como distante das pessoas e que só pode ser falada de uma perspectiva específica e por poucas pessoas.
Observamos que todas/os as/os entrevistadas/os utilizam as plataformas digitais como ferramenta importante para a sua atuação política. Não há como negar, é preciso desenvoltura e criatividade, visto que o formato digital foi um dos mais saturados neste período de pandemia. Essas ferramentas são a oportunidade de muitos desses jovens conquistarem visibilidade, inclusive em meio ao contexto, que os desfavorece e invisibiliza. O cyberambiente é parte da cultura dessa geração e é completamente natural que façam a autogestão de narrativas pensando em linguagens e formatos mais lúdicos, que oferecem espaço para amplificar suas vozes. Seu uso ativo no engajamento político também tem um papel importante para a formação da opinião pública, chamando a atenção de outros holofotes.
Os principais desafios são causar impacto efetivo, furar as chamadas “bolhas” e lidar com o discurso de ódio que tem se instaurado nas redes sociais digitais. Além disso, é preciso cuidado: #NãoValeTudo quando usamos internet e tecnologias para fins eleitorais. Desinformação, manipulação do debate político e polarização estão aí e pudemos ver o estrago que isso trouxe à nossa democracia e sociedade, nas eleições de 2018, e a outros lugares do mundo.
A internet e as novas tecnologias afloram novas/os protagonistas e também novas narrativas. Quando essas ferramentas são usadas como meio para a participação cidadã, os diferentes pontos de vista contribuem para a evolução e o amadurecimento da democracia e de seu caráter inclusivo.
O uso das novas tecnologias por jovens inovadores na política faz com que as estruturas sejam forçadas a uma atualização a fim de desenvolver e fortalecer os processos participativos em uma época em que a democracia digital é uma realidade. Com a perspectiva de justiça social, racial, ambiental e de gênero, jovens são altamente capacitados para desenrolar o fio desse novo momento, utilizando os espaços digitais para cocriar a política do amanhã a partir do protagonismo de novas narrativas.
Foi o caso da Érika Hilton, 28 anos, vereadora mais bem votada no Brasil e Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara paulistana. Mulher, transexual, negra e jovem, viu nas lives da #redeaolado (ou bem conhecida como Instagram) uma oportunidade de construir o seu plano de governo de forma colaborativa.
Nós fizemos lives de construção de programas com lideranças, com movimentos. Isso, para mim ,foi a coisa mais maravilhosa do mundo, porque o programa nasce a partir de pessoas com autoridade sobre aqueles temas que estão propondo, e nasce uma conexão muito próxima das bases, muito junto com as pessoas. Eu poderia chegar e dizer: esse é meu programa, essas são minhas propostas que eu quero fazer [...] Esse método foi a parte que eu mais gostei, porque me aproximei das pessoas; mesmo em pandemia, eu tava trocando, acessando o público, e podendo me apresentar para pessoas que talvez não me conhecessem. Eu estava fundando e reformulando um programa a partir de um pensamento coletivo, a partir de uma troca de ideias com outros agentes. Isso para mim foi magnífico.
Erika Hilton,
vereadora eleita em São Paulo (SP)
Além da Érika, a deputada estadual pelo Rio de Janeiro, Dani Monteiro, aos 27 anos conquistou o posto de mulher mais jovem a ocupar uma vaga de deputada na Alerj. Hoje, com 30 anos, também vê a internet na perspectiva de rede, um espaço de conexão importante para atualizar o processo de democratização pois consegue viajar por diferentes cidades e se conectar com diferentes lideranças locais para escutar suas demandas:
Abro um link, tô na reunião de moradia de Volta Redonda, que é a 3 horas no Rio de Janeiro. Aí eu saio e entro numa reunião de mulheres de Petrópolis, região serrana, a 3 horas daqui. Saio dessa reunião à noite, vou para uma reunião de jovens de Itaperuna, que é a 5 horas daqui da cidade do Rio de Janeiro. Então, é uma possibilidade que você amplia. Eu rodei muitas cidades do Estado do Rio no primeiro ano de mandato. Fiz 24 cidades e, fisicamente , eu levava um final de semana inteiro e visitava 2,3. Hoje em dia, em seis clicks e 4 horas eu já visitei três lugares diferentes. Também é um desafio muito grande, porque não acho que esse espaço tenha que substituir a presencialidade. Me preocupo muito com pós-pandemia nesse sentido, mas eu acho também que temos que tirar aprendizados e perceber o que tem de mais potente: a perspectiva da rede potencializou muito mais a democratização.
Muitas pessoas não conseguem participar das audiências e reuniões seja por conta do horário de trabalho e até mesmo da distância, no caso de comunidades rurais. E aí que podemos utilizar as redes sociais e ferramentas digitais para garantir que essas vozes sejam escutadas e que também participem da política.
No mandato de Danilo Santana, com 24 anos e vereador de Santa Terezinha (BA), as suas redes sociais são usadas como um canal de ouvidoria, ou seja, como um espaço para ouvir e receber as demandas dos cidadãos e cidadãs da cidade, direcionando esforços prioritários e recebendo de sugestões até críticas.
Por mais simples que isso possa parecer, o impacto na construção de uma cidadania ativa é visível, ainda mais na realidade de cidades menores, do interior do Brasil.
Tenho utilizado essas ferramentas de ouvidoria para levar essas demandas para o universo da Câmara, transformando essas demandas em indicações e projetos de lei. Isso, de certa forma, é inovador para a realidade política que a gente tem.
Danilo Santana, vereador eleito em Santa Terezinha (BA)
Nem só de redes sociais é feita a internet, não é mesmo? As mudanças digitais estão impactando a forma como nos relacionamos com informações, conhecimentos e com a política não seria diferente. Um outro papel dos jovens inovadores na política é na implementação da tecnologia dentro do processo legislativo e executivo, como é o caso da digitalização de leis. Além de possibilitar maior transparência, há uma oportunidade em colaborar para que as tramitações fiquem mais ágeis e facilitem a gestão pública como um todo.
Mas, quem disse que isso é fácil? A Ynaê Curado, de 21 anos e vereadora eleita em Pirenópolis (GO), têm desafios principalmente com pessoas que estão na política há muito tempo e são resistentes à essas mudanças:
O meu maior desafio, hoje, como vereadora em Pirenópolis, é fazer com que as pessoas que estão no poder há muito tempo aceitem as tecnologias dentro do processo legislativo. Aqui, até hoje, as leis não são digitalizadas, tudo é no carimbo e no protocolo. Tem situações em que lei some, documentação some... Um processo muito primário, que acaba dificultando mais ainda a tramitação das legislações.
Ela, assim como os demais, utiliza o acesso às redes sociais para transparecer suas ações e mobilizar principalmente os jovens a participar e acompanhar o seu mandato. Mas não é só fazer lives porque isso qualquer um pode fazer. A principal diferença está em fazer com uso ético, fomentando o interesse, a participação, o acesso à informações públicas, promovendo espaços de diálogo e debate saudável, comunicando questões cotidianas essenciais para a população. O impacto se dá, principalmente na vida de outros jovens, que se sentem mais convidados e convidadas a acompanharem o que acontece dentro e fora da Câmara:
Eu sempre faço muitas lives. Agora, durante o mandato, fizemos a “live dos cem dias”, chamando a população para participar e todo momento eu faço isso. Divulgo a data da sessão e até o facebook da câmara, onde acontecem as sessões. Cresceu o engajamento por conta dessa divulgação, muito jovem começou a assistir, eles tiram print da sessão, me marcam, eu reposto… Então, o interesse que não existia começou a existir, bem menor do que o necessário, mas estamos caminhando.
Antes de continuarmos, precisamos ter um papo reto aqui. É evidente que as novas tecnologias e a internet estão alterando a nossa forma de participação política, né? Mas precisamos destacar alguns pontos de atenção para não cairmos em armadilhas e pegadinhas, ainda mais pensando que as eleições de 2022 estão aí:
1.
As novas tecnologias de comunicação e informação ainda não são acessíveis a todas as pessoas, principalmente as que estão em territórios rurais, quilombolas, indígenas e periféricos dos centros urbanos. Isso prejudica e muito a construção de estratégias de mobilização e engajamento.
2.
A polarização política tem afastado os jovens do debate político, especialmente pelo comportamento agressivo dos usuários das redes sociais e mesmo pelo cansaço dos jovens que estão hiperconectados por conta da pandemia e já não querem mais discutir política ali.
3.
As pessoas também estão cada vez mais com medo de serem “canceladas” pelos seguidores e isso tem feito com que sejam mais distantes de assuntos políticos ou, de outro lado, criam nichos (bolhas) cada vez mais especializadas.
A internet não vai solucionar todos os problemas. Ela é um meio que precisamos ocupar, levando em consideração todas as dinâmicas sociais e culturais que há em nossa sociedade. Nem tudo pode ser transformado em um aplicativo ou questionário nos stories. A política institucional é olho no olho, mão na massa, conexão real com as pessoas e suas histórias.
É por isso que os jovens inovadores na política estão atualizando a sua prática segundo a relação entre tecnologia digital e social, encontrando formas múltiplas de potencializar a participação cidadã.
A geração atual é marcada pela “cyberdemocracia”, que modela novas faces da democracia moderna, colocando a comunicação instantânea e as ferramentas digitais como possibilidades reais para influenciar, colaborar e participar de discussões constantemente. Precisamos avançar muito neste sentido, e acreditamos que os jovens inovadores na política podem ser um dos grupos que mais tem capacidade para desenrolar e atualizar nossos sistemas participativos.
Para aprofundar a relação entre comunicação, novas tecnologias e política, realizamos a metodologia de grupos focais, em parceria com a Rede Conhecimento Social, para perguntar a jovens de diferentes atuações (dos ativismos à atuação partidária) sobre o uso das redes sociais para o debate político. Falamos sobre muitas coisas, e o que mais chamou a nossa atenção foi sobre como as juventudes na política estão cientes dos prós e contras desse novo momento.
Ao dar luz a estes desafios, nosso objetivo é de identificar oportunidades de ação coletiva para a utilização democrática e saudável das novas tecnologias de informação e comunicação.
Prós
- Maior interesse e popularização de temas da política;
- A política integrando o dia a dia;
- Difusão da produção de conteúdo;
- Sensação de pertencimento;
- Possibilidade de comunicação direta com políticos e poder público;
- Poder de influência sobre as diferentes pautas;
- Espaço para debate entre os pares de diferentes lugares;
- Importante instrumento de pressão e denúncia;
- Viabilização de campanhas eleitorais descoladas da política tradicional;
- Na pandemia foi um dos poucos meios de participação política.
Contras
- Espetacularização da política;
- Pouco aprofundamento, discussão rasa;
- "Bolhas ideológicas“;
- Polarização;
- Medo de "cancelamento“;
- Esgotamento;
- Super exposição, perda da privacidade;
- Agressividade do debate.
Uma outra forma de conquistar espaços = escuta ativa, afetiva e efetiva
Não queremos ser coaching aqui (isso é muito #cringe), mas o afeto pode ser, sim, revolucionário, porque esse valor faz com que nos identifiquemos com as pessoas, facilitando a troca de informações e demandas. Isto é ir além do racional e desenvolver outros formatos para se fazer política. Quando somado à escuta ativa, esse combo é poderoso. Mas não é simples, ainda mais quando a cultura política atual é baseada no medo e na agressividade.
A escuta ativa é um instrumento criado para mediar conflitos e apoiar a construção de relações interpessoais mais profundas. Além da escuta de forma genuína, também parte do pressuposto de compreender o ponto de vista da pessoa que fala. Esse tipo de prática aumenta a produtividade e o desempenho, características importantes no momento de legislar e executar políticas públicas.
Agora, imagine isso na política. Ficou difícil? É, a gente sabe, afinal ainda vemos a política como um campo de guerra. Por mais que haja disputas, existem outras formas de se relacionar com os conflitos e é o que os jovens inovadores têm feito para reconstruir a esperança e a cultura política. Ao mesmo tempo em que são afetados pela política, nos ativismos e na participação em movimentos sociais, coletivos e campanhas, conseguem transformar essas experiências individuais em ferramentas para construir e exercitar a imaginação.
Gabriel Lopo, jovem de 23 anos, candidato a vereador em Belo Horizonte (MG), trouxe a experiência que teve nos movimentos sociais, coletivos e no fórum das juventudes como referência para a sua atuação. Nesses espaços, a troca horizontal, com escuta ativa e afetiva, ajudou-o a ver a política com mais leveza e tranquilidade para atravessar os desafios. A verbalização abaixo foi uma das que mais nos marcaram, porque ela nos mostra a importância desses valores para a reconstrução de discussões e atuações pautadas também nas subjetividades:
O Fórum [das Juventudes de Belo Horizonte] me ajudou a ver política com mais leveza, ver política como processo, não como fim. Ver política com mais tranquilidade, entender as contradições e saber lidar com elas, ver também como um exercício de cidadania. O Fórum e essas novas experiências políticas me fizeram ver [a política] como um campo de possibilidades, de articulações, de encontros, de afetos, de trocas legais, de coisas que não se aprendem em outro lugar. Essa leveza me ajudou muito... Toda guerra gera trauma. Quando a política é um campo de guerra, o soldado sai traumatizado. Ver a política como um campo de possibilidade ameniza.
Gabriel Lopo, 24 anos,
candidato a vereador em Belo Horizonte (MG)
Bia Bogossian, vereadora eleita em Três Rios (RJ), tem 23 anos e faz parte de um momento histórico no país e na cidade: depois de 70 anos, a cidade elegeu as primeiras vereadoras mulheres. Ela foi a segunda mais votada e carrega a bandeira de um mandato aberto e afetivo:
A gente fala de sustentabilidade, a gente não fala só sobre a crise climática, que já é uma super pauta, mas a gente fala também de equilíbrio fiscal. Essas coisas têm que andar em conjunto e criar novos modelos de governo. Mas governo que tenha como base o afeto, né, que é o que nos move, o que nos faz viver, ser feliz, ter trocas e querer viver em comunidade.
A gente queria ganhar corações e mentes na eleição, não queríamos só ser eleitos. Um político que parece com você vai dar um panfleto para o motorista de ônibus e você dá um panfleto de alguém que poderia ser a filha dele. Pra quem é de esquerda, que defende uma luta socialista, isso é a corporificação da luta. É óbvio que não vamos essencializar os corpos - eles por si só não são revolucionários - é preciso ter um programa, uma agenda em especial coletiva para isso. Mas a ideia de um corpo, como é aquele que ocupa o espaço, por si só já é irreverente, já é um pré-revolucionário
Dani Monteiro,
deputada estadual pelo Rio de Janeiro (RJ)
Educação política e a importância pedagógica de jovens na resolução de problemas
Como fazer uma campanha positiva para a sociedade? Com entregas para além da eleição. Com o avanço das cotas e políticas educacionais, observamos uma geração muito mais ativa nos processos democráticos e isso reverbera na ocupação do poder. Ao entender que, além das instituições, cidadãos e cidadãs têm um papel de protagonismo na ação de consolidação da cidadania e da democracia, nada melhor do que propor perspectivas que popularizam a expressão da democracia, traduzindo conceitos tão importantes como transparência pública, construção de políticas públicas, entre outros temas que fazem parte da cultura política.
Em uma democracia, a eleição é apenas um dos momentos em que podemos exercitar a nossa cidadania. Acompanhar pessoas candidatas, as que você elegeu, monitorar suas ações políticas, legislativas e executivas são iniciativas tão importantes quanto. Além disso, podemos nos apropriar de espaços de deliberação e criar novos cenários para endereçar as demandas coletivas se passarmos a conhecer plenamente a democracia e as estruturas públicas. Como a política faz parte do nosso cotidiano, é preciso que o integre de um jeito que a possamos entender, reconhecer a sua importância e, assim, participar dela com mais consciência.
A educação política vem, justamente, para apoiar e descomplicar o debate sobre política e suas implicações. Seu maior objetivo é um convite a:
[...] transmitir informações e conhecimentos cuja finalidade é disponibilizar ao cidadão um repertório que lhe permita compreender as nuances dos debates políticos no Brasil e no mundo. E que também o capacite para participar ativamente da política.
Fonte: Politize!
E quem melhor do que os jovens da política institucional e eleitoral para serem agentes educacionais? Notamos que a educação política floresceu nas campanhas e nos mandatos pelo Brasil afora, pois existe um componente pedagógico no despertar e na ação política de jovens inovadores.
Abastecidos por um amplo acesso a conteúdos, em diferentes formatos, que provocam a reflexão de uma forma criativa e inovadora, a curiosidade toma conta e, com ela, a vontade de colocar em prática o aprendizado, compartilhando-o com os demais. Ao fazer esses percursos, os jovens que se despertaram para a atuação política institucional e eleitoral enxergam e constroem estratégias que ultrapassam as eleições, deixando um legado que nos mostra o impacto das nossas ações na sociedade.
Na prática, campanhas e mandatos se tornam oportunidades de aprendizagem, com adoção de gabinetes abertos, promoção de escolas do legislativo e materiais de campanha, que trazem informações sobre o funcionamento da política institucional e o papel da cidadania na consolidação da democracia, desmitificando alguns preconceitos instaurados que distanciam a política institucional do fazer político diário.
Paulo Juventude, eleito com 19 anos sendo o vereador mais jovem do estado de São Paulo, conta que a campanha foi um processo de aprendizagem mútuo, de exercer e afirmar a cidadania:
Se não rolar a eleição, a gente teve muito a ganhar nesse período. A gente fez laços importantes, a gente vai continuar lutando de outras formas. Tem outras formas de acrescentar ao município, conselhos municipais são importantes, as eleições de grêmio estudantil do centro acadêmico são muito importantes. Movimentos que a gente cria como ponte para a sociedade, eles também são muito importantes. Isso a gente consegue fazer independente de governo, independente de mandato, a gente consegue cobrar nessas instâncias. É exercer a cidadania mesmo. Quando essa cidadania é organizada no sentido de ir junto com pessoas que estão nessa causa, é mais importante ainda.
Paulo Juventude, 19 anos, vereador eleito em São Roque (SP)
Outras ações de educação política que vimos emergir com força e a partir da prática de jovens inovadores são:
- gabinetes itinerantes, frente parlamentares suprapartidárias para a troca de experiências entre mandatos, processos de prestação de contas mais lúdicos e descomplicados (nas redes sociais e nas ruas), promoção de mandatos abertos e escolas do legislativo que vão trazendo a política para o cotidiano das pessoas.
- gabinetes itinerantes, frente parlamentares suprapartidárias para a troca de experiências entre mandatos, processos de prestação de contas mais lúdicos e descomplicados (nas redes sociais e nas ruas), promoção de mandatos abertos e escolas do legislativo que vão trazendo a política para o cotidiano das pessoas.
Esse foi o caso das campanhas de Rannya Freitas e Luma Menezes que, em cidades e estados diferentes, fazem o mesmo papel de movimentar seus gabinetes nos territórios da cidade:
Com o gabinete itinerante, a gente faz isso e a educação política é uma pauta prioritária também. Além disso, em conjunto com outras cidades vizinhas, eu, juntamente com seis vereadores amigos e colegas de cidades vizinhas, fundamos a Frente Jovem Parlamentar, um movimento suprapartidário composto por vereadores/as para troca de experiências inovadoras em mandatos legislativos.
Rannya Freitas, 19 anos, vereadora eleita em Sanharó (PE).
Em nossa campanha eleitoral, frisamos muito sobre a importância de falar sobre qual é o papel real de um vereador, o que é um grande problema, por viver numa cidade que existe muita vulnerabilidade. Eu falo que eu fiz educação política durante a campanha eleitoral também, justamente por causa desses momentos de diálogo e da necessidade de desconstruir, na mente das pessoas, o que era de fato uma campanha, o que era um vereador.
Luma Menezes, 26 anos,
vereadora mais jovem da história de Alagoinhas (BA).
Em nossa jornada de conversas, também conhecemos o vereador Prof. Lennon, de Barra do Bugres, uma cidade pequena de Mato Grosso. Com 30 anos, ele é indígena do território de Umutima. Saiu da sua terra para cursar Educação Física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), do interior de São Paulo, uma conquista pessoal que contou com o apoio das políticas públicas educacionais.
Tornou-se também o primeiro indígena a fazer mestrado na instituição. Sua trajetória foi difícil: sofreu racismo e preconceitos nos espaços que ocupava. Ao voltar para a sua terra, seu nome foi aparecendo como uma possibilidade real de concorrência às eleições de 2020 e, mais ainda, de conectar as lutas do seu povo com a atuação política dentro da Câmara, a partir de uma visão diferenciada.
Com votos em quase todas as urnas da cidade e da aldeia, sua atuação se volta a mostrar que as formas de organização indígena, suas pautas e os direitos do seu povo podem e devem estar juntos à construção de outro modo de exercer a política.
O diferente para nós, enquanto população indígena, é trazer os caciques, as lideranças para dentro da câmara, para dentro do executivo, para dentro da prefeitura, para dentro da Assembleia Legislativa, falando para as pessoas: olha, nós estamos aqui!
MARGEANDO A POLÍTICA INSTITUCIONAL E ELEITORAL: OLHAR ATENTO E PROPOSITIVO PARA MUDANÇAS PARTIDÁRIAS
A escolha do partido não é tarefa simples. Além das questões ideológicas e estratégicas, existe também uma lógica partidária ainda muito hierárquica, rígida e pouco convidativa para as juventudes. Nós conversamos com jovens de diferentes partidos políticos, da direita à esquerda, e todos e todas trouxeram pontos a se melhorar. Quem constrói essa nova forma de atuação e jornada na política, entende a importância de desenvolver inovações dentro dos partidos. Independentemente do resultado eleitoral, a maioria das/os jovens entrevistadas/os reconhecem o papel que as instâncias partidárias têm na organização da representação democrática, mas também sentem a necessidade de reestruturação das lógicas de poder interno que impedem um maior protagonismo dessa nova geração de lideranças políticas.
A real é que os partidos devem se responsabilizar pela sub-representação de jovens na política, além de outros grupos minorizados como pessoas negras e indígenas, mulheres. Para renovar e inovar na política institucional, as estruturas partidárias são pontos de partida muito importantes, pois todas as pessoas que pretendem ocupar um cargo eletivo têm que passar por essa escolha. Os jovens inovadores na política também tem o desejo de que os partidos sejam acolhedores para que mais pessoas se sintam convidadas a dar este passo na ocupação do poder. Eleitos/as ou não, estão contribuindo para a inovação partidária, margeando a política institucional e fazendo um trabalho de formiguinha, mostrando que existem diferentes maneiras de reimaginar a política.
As ideias são muitas e precisam de espaço para se tornarem ações efetivas. Nosso recado também é para os partidos: se queremos ter mais jovens inovadores construindo para o fortalecimento da democracia, precisamos que vocês abram espaço e coloquem as juventudes no centro.